Como
o ano passa rápido, parece que foi ontem que completei 48 aninhos de
denominação distrital. Foi uma comemoração bacana, pois o prefeito e os
assessores vieram me parabenizar e, como de costume, me prometeram um monte de
presente. Foi um dia muito feliz, pois jamais um personagem tão importante me
prestou homenagem. Minha autoestima se elevou, a população ficou esperançosa e
eu me senti, de fato, como um Distrito. Até os jornais locais me prestaram
homenagem, tiraram fotos, entrevistaram a população, sai na foto com um monte
de criançada, que felicidade! Mas, o que é bom, dura pouco, e, nesse ano,
mais precisamente, no dia 25 de Janeiro, completarei mais um aninho de vida e,
um ano a mais em nossas vidas significa mais experiência, sabedoria e muitas
reflexões que me fizeram a chegar na seguinte conclusão: Fui feliz e não sabia!
Quando
eu era jovem eu tinha uma estrutura maior do que tenho hoje, pois ofertava à
população uma subprefeitura, um posto de delegacia, agência do Correio e até uma
ambulância, que ficava de plantão 24 horas, no posto de saúde. Tive o prazer de
ofertar também dentista e o Programa Saúde da Família em que médicos e atendentes,
carinhosamente, percorriam as casas a fim de levar orientação e auxílio aos
necessitados. Até ginástica para a terceira idade, hipertensos e diabéticos
tive o prazer de oferecer, que tempinho bom!
E,
como não é novidade para ninguém, a tristeza faz com que percamos a saúde, por esta razão já não sinto a mesma disposição daquela época. Sinto-me envergonhado, uma
vez que, não tenho mais estrutura e apoio para me desenvolver. A população
reclama de que eu não sou mais como era antes; os visitantes temem passar por
mim em época de chuva devido ao alagamento que acontece na rodovia; culpam-me,
com toda razão, pelo crescimento desordenado e mal planejado. E, para completar
ainda mais a minha tristeza, ainda tenho que conviver com a perda da paróquia e,
de pequenos cidadãos que, pela minha incapacidade, falta de estrutura
educacional e incompetência de uns e outros, estudarão em outro bairro por não
haver salas de aula na rede publica municipal. Enfim, foram tantas perca que só me
resta questionar: Como posso crescer de forma correta e ordenada se ainda me
tratam como se fosse um bairro? Como desenvolver e crescer
corretamente se nunca tive ninguém, com competência, para me orientar e ajudar
em meu desenvolvimento?
E, neste
ano, meus companheiros, será pior, ano de eleição municipal, em que os candidatos vêm até mim e
falam um monte de baboseiras, prometem o mundo e o fundo, fazem festas repletas
de animações e brincadeiras para a criançada, “tentam” me reerguer com seus
elogios toscos e mentirosos e eu, educadamente, faço de conta que acredito em
tudo o que eles falam, só pra não perder a amizade.
Leitor
e eleitor desculpem-me o desabafo, estava mesmo precisando expor todos os meus
sentimentos. É muito difícil, para um Distrito como eu, avaliar todo o meu fracasso.
É difícil ter que suportar quase sete mil habitantes e, aproximadamente, dois
mil eleitores sem recurso e estrutura. Portanto, peço-lhes encarecidamente, atenção
especial, principalmente, neste ano. Não se deixem enganar com conversinhas
medíocres e sem conteúdos de uns e outros políticos que “tentarão” a sorte
grande. O meu futuro depende vocês, por favor, escolham políticos competentes e
capazes que possam trazer a minha alegria e o meu progresso de volta.
Com carinho,
DISTRITO
DO PARURU